se você não tem uma amiga que tem as finanças controladas pelo marido, talvez você seja essa amiga.
Apesar de ser um assunto difícil de encarar e admitir,
a violência patrimonial é um problema muito mais comum do que imaginamos, e qualquer uma pode se tornar vítima sem perceber.
Ela se caracteriza por restringir acesso da vítima a valores que lhe são devidos ou destruir seu patrimônio, como imóveis, eletrodomésticos e até documentos.
E pode assumir várias formas: o agressor pode ser quem controla o acesso ao dinheiro, cartão de crédito e débito ou bens da companheira, por exemplo.
Pode ser também aquele que impede a companheira de trabalhar e ter um sustento próprio. Ou ainda, aquele que a pressiona a abandonar o emprego e a carreira
A violência patrimonial é identificada também quando, em uma separação, o companheiro não cumpre acordos judiciais e não paga a pensão alimentícia dos filhos.
Em todos esses casos, a violência patrimonial é um mecanismo de CONTROLE, que destrói a liberdade e os sonhos da vida das mulheres.
E é reconhecida pela Lei Maria da Penha como
uma das categorias de agressões que também podem ser denunciadas como violência doméstica.
Ainda são poucos os dados disponíveis sobre esses casos no país. Na maioria das vezes, ela acaba associada a outras formas de violências, como agressões físicas.
Esse apagão de dados prejudica o desenvolvimeno de políticas públicas, que passam, principalmente, pela conscientização das vítimas e dos profissionais envolvidos, como advogados.
Mas é sempre bom lembrar: mesmo quando não há outras formas de agressões, a violência patrimonial é crime e deve ser denunciada.
Entrevista de Rosmary Corrêa
Titular da primeira Delegacia de Defesa da Mulher do Brasil, em São Paulo, em 1985, ao canal A12