No mesmo país que criminaliza o corpo negro, este mesmo corpo produz o maior espetáculo da Terra, preto até os ossos, que canta e conta sobre seus mitos e religiosidades.
O carnaval é um período que escancara mais uma vez o gritante racismo estrutural, camuflado no falso mito da democracia racial brasileira.
A ocupação da rua com cercadinhos, ativações publicitárias e camarotes na Sapucaí reforçam a ideia de playground para os mais ricos e o lugar de serviço para negritude.
No Carnaval de 2022, das 12 escolas do Grupo Especial do Rio, 8 trouxeram sambas sobre religiões de matriz africana.
No ano dos enredos escritos pelos Orixás, como disse Carlinhos Brown em entrevista, é urgente resgatar o espaço de volta para a negritude. E esses passos vêm de longe…
Pela 1ª vez, a história dos negros e da resistência à escravidão foi contada em um desfile. O enredo foi Zumbi dos Palmares e o mais importante quilombo das Américas.
Inaugurando os desfiles na Marquês de Sapucaí, a escola contou a história da criação do mundo, mas na tradição do povo Nagô.
Inaugurando os desfiles na Marquês de Sapucaí, a escola contou a história da criação do mundo, mas na tradição do povo Nagô.
Na segunda-feira de Carnaval a Vila Isabel balançou as estruturas da Sapucaí com um desfile sem luxo, com materiais alternativos, estampas tribais e uma força de canto e dança exemplares.
A escola recontou a história da escravidão no Brasil, nos 130 anos da Lei Áurea, e fez uma crítica ao racismo e às dificuldades dos trabalhadores brasileiros hoje.